Ao menos 15 homens detidos em Oaxaca sofreram abusos sexuais
Testemunha relata as violações no traslado do aeroporto de Tepic ao Cefereso
Alguns dos homens detidos em Oaxaca e posteriormente transportados a penitenciária federal de Tepic, Nayarit, foram abusados sexualmente e obrigados a realizar sexo oral nos policiais, denuncia Christian Cebolledo Gutiérrez, um dos detidos no dia 25 do último mês de novembro e que ainda continua na prisão, em um testemunho que ele deu a seus familiares.
No texto, que sua mãe apresentará hoje na Câmara de Deputados durante o Fórum Nacional pela defesa dos Direitos Humanos em Oaxaca, o jovem estudante da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM) relata que os abusos por parte dos policiais aconteceram a bordo do caminhão que transportava os detidos do aeroporto de Tepic ao Centro Federal de Readapitação Social (Cefereso) San José del Rincón, de Nayarit.
?Tudo foi em silêncio, é por ele que escutei o sexo anal e oral que se realizava no meio e atrás do caminhão; recordo perfeitamente o som do velcro que fazem as luvas dos guardas ao abrir e fechar uma e outra vez; também escutei quando ao menos uma vez o som de uma camisinha ao ser aberta e desenrolada; escutei ainda um companheiro emitir em um gesto de dor: 'mmmm', seguido da reclamação do guarda: 'mmm o quê?'?.
O universitário narra que ele esteve a ponto de ser agredido sexualmente, pois no ?caminhão estiveram procurando um garoto para violá-lo, ao crer que era eu, um policial se dirigiu a mimpara pedir-me que levantasse a cabeça, a levantei e ao ver que não era a pessoa que procuravam me ordenou que tornasse a abaixá-la.
Cebolledo denuncia que ao menos 15 companheiros foram agredidos sexualmente a bordo do caminhão por volta de duas horas e meia. Acrescenta que as zombarias foram tais, que um policial antes de fazê-los descer do veículo lhes disse: ?agora sim, tiveram uma recepção inesquecível?.
Entretanto, o texto adverte que ?as humilhações não terminaram ali?, pois no momento de entrar no Cefereso de Nayarit foi ofendido em várias ocasiões e inclusive o manteram perto de um cão que latia e ameaçaram soltá-lo: ?me obrigaram a tirar a roupa e a fazer cinco agachamentos, revistaram com uma lâmpada meus genitais (...) me forçaram a assinar sem consentimento para que me aplicassem um teste de HIV e me injetaram duas substâncias desconhecidas que supostamente eram vacinas?.
Assegura que sua estadia na penitenciária de Tepic ?foi terrível?, devido às constantes humilhações das quais eram objetos ele e seus companheiros detidos.
?Em uma ocasião, nos obrigaram a comer um pedaço de melão branco com casca e tudo; aos companheiros do corredor B não os deixaram dormir toda a noite, as condições de higiene não eram muito boas e os guardas constantemente nos ofendiam e gritavam?.
Ressalta que as autoridades e os carcereiros da penitenciária San José del Rincón proibiam os detidos oxaqueños de comunicarem-se entre si, ou do contrário os castigavam obrigando-os a permanecerem em posição marcial de sentido por grandes períodos, como aconteceu com ele ?porque meu único delito foi conversar?.
Afirma que durante o traslado de regresso a Oaxaca os guardas hostigavam os detidos, gritando-lhes que os iam levar para as ilhas Marías. Outros também foram agredidos de diversas maneiras: ?Soltaram gases estomacais na cara de um companheiro e não o deixaram descer para urinar uma vez que o caminhão estava estacionado dentro do aeroporto; o companheiro insistiu várias vezes e somente recebeu respostas negativas e zombarias não só dos guardas como também alguem que dizia ser um oficial?.
O universitário relata que os maus tratos não só ocorreram em Tepic, Nayarit, mas sim desde o momento de sua detenção em 25 de novembro em Oaxaca, pois os elementos da Polícia Federal Preventiva que o prenderam, o molestaram várias vezes ?por ser o único chilango? (nascido na Cidade do México).
Acrescenta que a bordo da caminhonete que os transportou até a penitenciária de Miahuatlán um policial ?começou a esfregar em mim de forma sexual, por cima da roupa, na minha perna e entre-perna com seu cacetete?.
Os familiares de Cebolledo revelaran que o estudante da UNAM foi de visita a Oaxaca para conhecer mais de perto o movimento social naquela cidade, mas que não participou como ativista do mesmo. Ressaltam que no momento de sua dentenção o universitário estava a duas semanas naquela cidade e que foi detido a noite, enquanto esperava uns amigos para regressar ao lugar em que estava hospedado, como relata ele mesmo: ?sem haver feito nada de mal e sem ordem de prisão contra mim?.
retirado de La jornada: http://www.jornada.unam.mx/2007/01/09/index.php?section=politica&article=007n1pol
traduzido por: éveri sirac
em:
http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2007/01/370388.shtml
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